No mundo
Apesar das melhorias registadas no mundo em muitos domínios da gestão e utilização de recursos hídricos e das capacidades técnicas existentes para lidar com muitas questões, continuam a subsistir problemas graves.
Além do acesso ainda inexistente em muitos locais a redes de abastecimento e saneamento, salientam-se os problemas relacionados com a escassez (física) de recursos hídricos disponíveis.
De acordo com a FAO, a escassez de água afetará dois terços da população mundial em 2050 devido ao uso excessivo de recursos hídricos para a produção de alimentos. Este aumento estará relacionado com o consumo não sustentável de água para a agricultura. Em 2050 serão necessários 60% a mais de alimentos para alimentar o planeta, enquanto a agricultura continuará a ser o maior consumidor de água a nível mundial.
Apesar das melhorias registadas no mundo em muitos domínios da gestão e utilização de recursos hídricos e das capacidades técnicas existentes para lidar com muitas questões, continuam a subsistir problemas graves.
Além do acesso ainda inexistente em muitos locais a redes de abastecimento e saneamento, salientam-se os problemas relacionados com a escassez (física) de recursos hídricos disponíveis.
De acordo com a FAO, a escassez de água afetará dois terços da população mundial em 2050 devido ao uso excessivo de recursos hídricos para a produção de alimentos. Este aumento estará relacionado com o consumo não sustentável de água para a agricultura. Em 2050 serão necessários 60% a mais de alimentos para alimentar o planeta, enquanto a agricultura continuará a ser o maior consumidor de água a nível mundial.
Os cenários de alterações climáticas podem também acentuar alguns dos problemas de escassez no futuro, através da sua influência sobre componentes do ciclo hidrológico, nomeadamente a temperatura, a precipitação e a evapotranspiração
Em algumas regiões, a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano serão os responsáveis pela contaminação de origens de água, reduzindo a sua disponibilidade.
Em algumas regiões, a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano serão os responsáveis pela contaminação de origens de água, reduzindo a sua disponibilidade.
Em Portugal
Embora em Portugal se verifique um acesso generalizado aos serviços de abastecimento e saneamento, parece existir uma falsa perceção de abundância ilimitada dos recursos hídricos disponíveis, o que faz com que muitas pessoas desvalorizem a água e tenham comportamentos pouco sustentáveis na sua utilização.
É importante corrigir essa perceção, já que Portugal continua apresenta desafios importantes para melhorar e manter os padrões de gestão e utilização da água. De facto e apesar da melhoria global dos indicadores relativos a taxas de cobertura e qualidade dos recursos hídricos distribuídos, subsistem problemas, como as elevadas perdas de água registadas em muitos sistemas de abastecimento e a capacitação, nomeadamente financeira, para manter bons níveis de funcionamento.
Subsistem ainda vários problemas ligados com o estado dos recursos hídricos nas origens de água, que necessitam ser ultrapassados para atingir os objetivos de qualidade que se encontram estabelecidos na Diretiva-Quadro da Água.
Algumas das consequências das alterações climáticas podem ter reflexos particularmente negativos nas zonas mais secas do território, aumentando alguns dos problemas já hoje registados.
Embora em Portugal se verifique um acesso generalizado aos serviços de abastecimento e saneamento, parece existir uma falsa perceção de abundância ilimitada dos recursos hídricos disponíveis, o que faz com que muitas pessoas desvalorizem a água e tenham comportamentos pouco sustentáveis na sua utilização.
É importante corrigir essa perceção, já que Portugal continua apresenta desafios importantes para melhorar e manter os padrões de gestão e utilização da água. De facto e apesar da melhoria global dos indicadores relativos a taxas de cobertura e qualidade dos recursos hídricos distribuídos, subsistem problemas, como as elevadas perdas de água registadas em muitos sistemas de abastecimento e a capacitação, nomeadamente financeira, para manter bons níveis de funcionamento.
Subsistem ainda vários problemas ligados com o estado dos recursos hídricos nas origens de água, que necessitam ser ultrapassados para atingir os objetivos de qualidade que se encontram estabelecidos na Diretiva-Quadro da Água.
Algumas das consequências das alterações climáticas podem ter reflexos particularmente negativos nas zonas mais secas do território, aumentando alguns dos problemas já hoje registados.
Vê aqui uma projeção da evolução (modelada) das condições de seca associadas às alterações climáticas. O vídeo mostra a evolução de um índice que mede a severidade das secas (o índice de Palmer, PDSI), uma medida da seca meteorológica, calculado através da utilização de dados meteorológicos de superfície modelados para cenários de alterações climáticas e de dados de evapotranspiração determinados através da equação de Penman-Monteith. Valores negativos representam situações de seca e abaixo de -3 representam uma seca severa a extrema.
O que podemos fazer para melhorar a situação
Será possível solucionar os problemas existentes no domínio dos recursos hídricos, para o que deverão ser implementadas ações a nível mundial, nacional, local e individual.
Essas ações poderão abranger os seguintes domínios:
Será possível solucionar os problemas existentes no domínio dos recursos hídricos, para o que deverão ser implementadas ações a nível mundial, nacional, local e individual.
Essas ações poderão abranger os seguintes domínios:
Uso eficiente, incluindo reutilização, redução de perdas e utilização de técnicas de rega mais eficazes e de culturas menos exigentes
O uso da água em Portugal ainda apresenta elevadas ineficiências. As perdas são em média, de 37,5% na agricultura, de 25% no setor do abastecimento urbano e de 22,5% na indústria. É possível reduzir estes níveis de perdas através de diversas ações, existindo em Portugal vários casos de sucesso na redução de perdas em sistemas de abastecimento. As reduções de perdas devem também ser implementadas por cada pessoa, que deve ter o cuidado, por exemplo, de fechar bem as torneiras.
Além da redução de perdas, pode-se aumentar o uso eficiente da água através da reutilização de efluentes tratados, por exemplo na rega de jardins. A implementação de técnicas de rega mais modernas e eficazes, bem como a utilização de culturas agrícolas que permitam obter produções equivalentes com menores consumos de água, são também práticas que promovem o uso eficiente da água em Portugal. As ações referidas bem como muitas outras encontram-se descritas no Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.
O uso da água em Portugal ainda apresenta elevadas ineficiências. As perdas são em média, de 37,5% na agricultura, de 25% no setor do abastecimento urbano e de 22,5% na indústria. É possível reduzir estes níveis de perdas através de diversas ações, existindo em Portugal vários casos de sucesso na redução de perdas em sistemas de abastecimento. As reduções de perdas devem também ser implementadas por cada pessoa, que deve ter o cuidado, por exemplo, de fechar bem as torneiras.
Além da redução de perdas, pode-se aumentar o uso eficiente da água através da reutilização de efluentes tratados, por exemplo na rega de jardins. A implementação de técnicas de rega mais modernas e eficazes, bem como a utilização de culturas agrícolas que permitam obter produções equivalentes com menores consumos de água, são também práticas que promovem o uso eficiente da água em Portugal. As ações referidas bem como muitas outras encontram-se descritas no Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.
Aumento da sustentabilidade dos sistemas de abastecimento e saneamento
Em Portugal, regista-se uma grande disparidade nas tarifas pagas pelos serviços de água e saneamento, que variam muito entre concelhos. Por outro lado, vários sistemas geram receitas claramente insuficientes para suportar os gastos de operação e manutenção, muitas vezes sobrecarregados por elevados níveis de perdas de água.
Para melhorar ou manter os bons indicadores de qualidade existentes globalmente em Portugal, será necessário garantir que os sistemas existentes são sustentáveis nas suas várias vertentes, ambiental (reduzindo as perdas existentes), social (através da cobrança de tarifas socialmente adequadas) e económico-financeira (garantindo a cobertura dos custos sobretudo através das tarifas).
Em Portugal, regista-se uma grande disparidade nas tarifas pagas pelos serviços de água e saneamento, que variam muito entre concelhos. Por outro lado, vários sistemas geram receitas claramente insuficientes para suportar os gastos de operação e manutenção, muitas vezes sobrecarregados por elevados níveis de perdas de água.
Para melhorar ou manter os bons indicadores de qualidade existentes globalmente em Portugal, será necessário garantir que os sistemas existentes são sustentáveis nas suas várias vertentes, ambiental (reduzindo as perdas existentes), social (através da cobrança de tarifas socialmente adequadas) e económico-financeira (garantindo a cobertura dos custos sobretudo através das tarifas).
Adoção de um trecho de rio ou bacia de drenagem
Como forma de reduzir o divórcio que ainda se verifica entre os ecossistemas aquáticos e muitas pessoas, tem sido promovida em vários locais do mundo uma maior ligação entre as pessoas e os rios, ou mesmo toda a bacia de drenagem (incluindo as águas subterrâneas). Esta maior ligação envolve geralmente as pessoas e os rios em cuja bacia de drenagem habitam, com os quais podem ter uma relação mais próxima e interventiva.
Em Portugal existe um bom exemplo deste esforço representado pelo projeto RIOS, que visa a adoção e monitorização de troços fluviais de modo a promover a sensibilização da sociedade civil para os problemas e a necessidade de proteção e valorização dos sistemas ribeirinhos.
Como forma de reduzir o divórcio que ainda se verifica entre os ecossistemas aquáticos e muitas pessoas, tem sido promovida em vários locais do mundo uma maior ligação entre as pessoas e os rios, ou mesmo toda a bacia de drenagem (incluindo as águas subterrâneas). Esta maior ligação envolve geralmente as pessoas e os rios em cuja bacia de drenagem habitam, com os quais podem ter uma relação mais próxima e interventiva.
Em Portugal existe um bom exemplo deste esforço representado pelo projeto RIOS, que visa a adoção e monitorização de troços fluviais de modo a promover a sensibilização da sociedade civil para os problemas e a necessidade de proteção e valorização dos sistemas ribeirinhos.
Aumento da participação na governança da água
Deve ser aumentada a participação das pessoas na governança[i] dos recursos hídricos, como única forma de garantir a tomada de decisões fundamentadas e participadas. Várias análises têm realçado a importância do papel da governança na gestão eficaz da água em muitos locais.
Em Portugal a participação das pessoas é particularmente enquadrada na fase de planeamento, no âmbito da discussão pública das propostas de planos. Refere-se ainda a existência de órgãos consultivos ao nível da região hidrográfica (Conselhos de Região Hidrográfica) e a nível nacional (Conselho Nacional da Água), em que estão representadas várias entidades representantes da Administração Pública central, da Administração Pública regional e local, das organizações científicas, económicas, profissionais e não governamentais e, ainda, personalidades convidadas pelo seu reconhecido mérito no domínio dos recursos hídricos.
[i] a governança dos recursos hídricos é entendida como "o conjunto dos sistemas político, social, económico e administrativo existentes que, direta ou indiretamente, influenciam o uso, desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos, bem como a prestação de serviços de recursos hídricos".
Deve ser aumentada a participação das pessoas na governança[i] dos recursos hídricos, como única forma de garantir a tomada de decisões fundamentadas e participadas. Várias análises têm realçado a importância do papel da governança na gestão eficaz da água em muitos locais.
Em Portugal a participação das pessoas é particularmente enquadrada na fase de planeamento, no âmbito da discussão pública das propostas de planos. Refere-se ainda a existência de órgãos consultivos ao nível da região hidrográfica (Conselhos de Região Hidrográfica) e a nível nacional (Conselho Nacional da Água), em que estão representadas várias entidades representantes da Administração Pública central, da Administração Pública regional e local, das organizações científicas, económicas, profissionais e não governamentais e, ainda, personalidades convidadas pelo seu reconhecido mérito no domínio dos recursos hídricos.
[i] a governança dos recursos hídricos é entendida como "o conjunto dos sistemas político, social, económico e administrativo existentes que, direta ou indiretamente, influenciam o uso, desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos, bem como a prestação de serviços de recursos hídricos".
Melhor ordenamento do território
A mitigação de vários problemas existentes na gestão de recursos hídricos passa por um melhor ordenamento do território que, além da proibição da construção em zonas de risco (zonas inundáveis pelas cheias, zonas de erosão), deverá contribuir para a redução das áreas impermeáveis (como são as zonas urbanizadas e pavimentadas) e para a recuperação de zonas húmidas.
A mitigação de vários problemas existentes na gestão de recursos hídricos passa por um melhor ordenamento do território que, além da proibição da construção em zonas de risco (zonas inundáveis pelas cheias, zonas de erosão), deverá contribuir para a redução das áreas impermeáveis (como são as zonas urbanizadas e pavimentadas) e para a recuperação de zonas húmidas.
Mudança de comportamentos
Será ainda relevante continuar a alterar os comportamentos individuais com o objetivo de consumir menor e melhor, reduzindo a poluição gerada e a água consumida. Por exemplo, a redução do consumo de carne permite reduzir substancialmente a pegada hídrica individual, já
que outros alimentos, como os vegetais, requerem quantidades de água menores para serem produzidos em quantidades equivalentes.
Será ainda relevante continuar a alterar os comportamentos individuais com o objetivo de consumir menor e melhor, reduzindo a poluição gerada e a água consumida. Por exemplo, a redução do consumo de carne permite reduzir substancialmente a pegada hídrica individual, já
que outros alimentos, como os vegetais, requerem quantidades de água menores para serem produzidos em quantidades equivalentes.