2º Ciclo
5º ano |
O programa do 5.º ano de Ciências Naturais integra a água num dos seus domínios curriculares, denominado “a água, o ar, as rochas e o solo”, focando a importância da água para os seres vivos.
Para a compreensão dessa importância, é proposto: representar a distribuição da água no planeta com recurso ao ciclo hidrológico, referir a disponibilidade de água doce (à superfície e subterrânea) na Terra, identificar propriedades da água (com base em atividades práticas laboratoriais), apresentar exemplos que evidenciem a existência de água em todos os seres vivos e descrever as suas funções vitais. É ainda estabelecida a necessidade de compreender a importância da qualidade da água para a atividade humana, através das seguintes atividades: classificar os tipos de água própria para consumo e os tipos de água imprópria para consumo (“água salobra e água inquinada”); descrever a evolução do consumo de água em Portugal; propor medidas que visem garantir a sustentabilidade da água para consumo; indicar fontes de poluição e de contaminação da água; explicar as consequências da poluição e da contaminação da água; e distinguir as funções das Estações de Tratamento de Águas e de Tratamento de Águas Residuais. A disciplina de História e Geografia de Portugal tem como meta curricular o conhecimento e compreensão dos principais rios ibéricos, incluindo as seguintes tarefas: distinguir rede de bacia hidrográfica; localizar os principais rios da península ibérica, distinguindo os luso-espanhóis dos nacionais; relacionar os traços morfológicos gerais da península ibérica com as bacias hidrográficas; definir caudal; descrever as diferenças de caudal entre os rios do norte e os do sul; e caracterizar a rede hidrográfica da região de residência. |
6º ano |
O 6º ano de Ciências Naturais apresenta uma pequena ligação com a temática da água, ao estabelecer no programa a compreensão da influência da higiene e da poluição na saúde humana, propondo a indicação de exemplos de diferentes tipos de poluição, nomeadamente da água, e a descrição das consequências da exposição a poluentes aquáticos na saúde individual, nos seres vivos e no ambiente. A disciplina de História e Geografia de Portugal engloba como meta curricular conhecer e compreender as características de várias atividades intimamente relacionadas com os recursos hídricos em Portugal, nomeadamente da agricultura e da utilização de fontes renováveis de energia.
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3º Ciclo
7º ano |
A disciplina de Geografia do 7.º ano inclui mais formação sobre aspetos climáticos, bem como componentes específicas sobre a dinâmica das bacias hidrográficas e do litoral. Na dinâmica das bacias hidrográficas, o ensino deve incluir a compreensão: i) de conceitos relacionados com a dinâmica de uma bacia hidrográfica (distinguir caudal de regime fluvial, caracterizar os diferentes regimes fluviais, explicar os fatores responsáveis pelos diferentes caudais e regimes fluviais, distinguir leito normal de leito de inundação/leito maior e de leito de estiagem/leito menor); ii) da dinâmica de uma bacia hidrográfica (caracterizar o perfil longitudinal e transversal de um rio, identificar as diferentes secções de um rio, relacionar as características das diferentes secções de um rio com os processos de erosão/acumulação); e iii) a dinâmica das bacias hidrográficas em Portugal (localizar as principais bacias hidrográficas em Portugal e explicar a variação espacial e temporal do caudal dos rios portugueses como resultante da interação entre fatores naturais e antrópicos).
Na dinâmica do litoral deve ser garantida a compreensão: i) da evolução do litoral (distinguir litoral de linha de costa, distinguir costa de arriba de costa de praia e duna, explicar a ação do mar sobre uma arriba, definir plataforma de abrasão, distinguir arriba fóssil de arriba viva, relacionar o traçado da linha de costa com estrutura litológica a ação erosiva e deposicional do mar); e ii) da evolução da linha de costa portuguesa (descrever a evolução da linha de costa em Portugal, localizar e descrever os processos de formação das principais formas do litoral português, identificar as principais causas para o recuo atual da linha de costa, discutir a importância da evolução do litoral no ordenamento do território). O programa de Ciências Naturais do 7.º ano é omisso relativamente aos recursos hídricos. |
8º ano |
No programa de Ciências Naturais do 8.º ano, no âmbito da compreensão da “Terra como um sistema capaz de gerar vida”, propõe-se a descrição da influência de fatores abióticos (incluindo a água) nos ecossistemas e a síntese do papel dos principais ciclos de matéria nos ecossistemas. Neste último item sugere-se a interpretação, a partir de esquemas, das principais fases do ciclo da água, e a justificação do modo como a ação humana pode interferir nesse ciclo, afetando os ecossistemas. Este programa propõe ainda a abordagem da gestão sustentável dos recursos. Nesse âmbito deve ser relacionada a gestão da água com o desenvolvimento sustentável, nomeadamente através da construção de um plano de ação que vise diminuir o consumo de água na escola e em casa, com base na Carta Europeia da Água, e da proposta de medidas de redução de riscos e de minimização da contaminação da água gerada pela atividade humana.
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9º ano |
O conteúdo da disciplina de Geografia do 9.º ano inclui vários aspetos relacionados com os riscos naturais, incluindo cheias e secas. O estudo das secas deve abranger a sua compreensão como um risco climático com influência no meio e na sociedade, incluindo a distinção entre seca meteorológica e hidrológica, a caracterização das condições meteorológicas que estão na origem das secas, a localização das áreas com maior suscetibilidade, à escala planetária e em Portugal, a inferência dos impactes das secas no território e o reconhecimento das medidas de prevenção e controlo das secas. As cheias e inundações devem ser também ser compreendidas como riscos hidrológicos com influência no meio e na sociedade e o seu estudo deve englobar: a distinção entre cheia e inundação, a explicação dos fatores responsáveis pela ocorrência de cheias e de inundações, a localização das áreas mais suscetíveis, à escala planetária e em Portugal, a inferência das consequências das cheias e inundações no território, e a identificação de medidas de prevenção e controlo de cheias e inundações. As metas curriculares de Geografia incluem, ainda, a compreensão da importância da hidrosfera no sistema terrestre e o conhecimento da influência da poluição da hidrosfera no meio e na sociedade.
O programa do 9.º ano de Ciências Naturais não tem referências aos recursos hídricos. |
Secundário
10º ano
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O programa da disciplina bienal (10.º e 11.º anos) de Biologia e Geologia contém algumas referências aos recursos hídricos, realçando-se o tema “a água um bem a gerir e a preservar (subsistema terrestre líquido)”. O programa da disciplina refere que as preocupações sobre a utilização sustentável de recursos atravessam todo o seu conteúdo, manifestando-se, de forma mais acentuada, em referências aos impactos produzidos pelo Homem no ambiente e à mudança de atitudes necessária.
Refere-se não ter sido esquecida a importância da água como fonte de vida e, portanto, como matéria-prima fundamental à permanência do Homem e da biosfera. O conhecimento do ciclo da água, dos fenómenos que ocorrem nos diferentes reservatórios da hidrosfera e das relações desta com os restantes subsistemas deve contribuir para a compreensão dos problemas relacionados com a água. O programa refere, ainda, ser urgente resolver esses problemas no sentido de garantir a satisfação das necessidades das comunidades humanas, em quantidade e em qualidade, a sobrevivência da generalidade dos ecossistemas e a manutenção de quadros paisagísticos equilibrados e harmónicos. No domínio da Geologia o programa estabelece a análise da ocupação antrópica e dos problemas de ordenamento do território, propondo utilizar as bacias hidrográficas como caso de estudo. Esta análise deve enfatizar os perigos da construção em leitos de cheia e da extração de inertes. São identificados como conceitos/modelos/teorias a utilizar os de bacia e rede hidrográfica, leito fluvial e leito de cheia, perfil transversal, erosão, transporte e deposição, e ordenamento do território. O programa propõe especificamente a análise de uma situação-problema sobre cheias, colocando as seguintes questões “teria sido possível reduzir as consequências das grandes inundações registadas nos arredores de Lisboa na década de 60 que destruíram edifícios e causaram vítimas? Que tipo de situações deveriam ter sido acauteladas para minimizar as perdas e proteger as propriedades? Uma determinada região sofreu durante anos os efeitos de grandes cheias. Com a construção de uma barragem a montante foi possível controlar o problema, mas a quantidade de sedimentos transportados e depositados pelo rio foi reduzida. Poderá este aspeto causar outro tipo de problemas? A exploração de inertes em alguns rios como o Douro, o Cávado, o Ave e o Lima, por exemplo, tem sido intensa, provocando efeitos negativos sobre a própria dinâmica destes rios. Embora esta extração tenha interesse económico e melhore a navegabilidade daqueles cursos de água, será possível precaver os problemas que podem advir daquela atividade? O atual programa de Físico e Química A do 10.º e 11.º anos contém referências escassas aos recursos hídricos, notando-se apenas menção à acidez da água da chuva, aos poluentes atmosféricos e à sua redução no âmbito dos aspetos ambientais das reações ácido-base. Em contraste, o anterior programa da disciplina continha várias referências aos recursos hídricos, focando a sua distribuição e os problemas de abundância e de escassez. Incluía, nomeadamente, a caracterização das composições típicas e pH de diferentes tipos de águas e os conceitos de valor máximo admissível (VMA) e de valor máximo recomendável (VMR) de alguns componentes de águas potáveis. Referia-se que o problema da água devia ser perspetivado como um dos maiores problemas do futuro tendo em conta o aumento demográfico, a contaminação dos recursos hídricos, a alteração de hábitos e a assimetria da distribuição. Em termos de atividades práticas de sala de aula, salientava-se a pesquisa de informação sobre a Diretiva-Quadro da Água e a Lei da Água, propondo-se ainda a pesquisa sobre tratamento de águas municipais (tipos e sistemas de tratamento de água de abastecimento público). O programa da disciplina de Geografia A do 10.º ano aborda especificamente os recursos hídricos no âmbito do tema “os recursos naturais de que a população dispõe: usos, limites e potencialidades”, sendo nomeadamente referidas a especificidade do clima português, as disponibilidades hídricas e a gestão dos recursos hídricos. Os alunos devem no final da formação: reconhecer o papel do ciclo hidrológico na manutenção do equilíbrio da Terra; explicar os tipos de precipitação mais frequentes em Portugal; relacionar a variação da precipitação com a altitude e a disposição do relevo; relacionar as disponibilidades hídricas com a quantidade e o tipo de precipitação; caracterizar a rede hidrográfica; relacionar o regime dos cursos de água com a irregularidade da precipitação; conhecer os fatores que interferem na variação de caudal dos cursos de água; equacionar a necessidade de armazenamento das águas superficiais; conhecer os fatores que condicionam a produtividade dos aquíferos; reconhecer a interferência das atividades humanas na quantidade e qualidade das águas; equacionar os riscos na gestão dos recursos hídricos; inferir a necessidade de estabelecer acordos internacionais na gestão dos recursos hídricos; debater medidas conducentes ao controlo da quantidade e qualidade da água e debater a importância do ordenamento das bacias hidrográficas e das albufeiras. De acordo com o programa, o tratamento da temática dos recursos hídricos privilegia uma abordagem que permita: i) evidenciar a importância da água como componente essencial dos sistemas naturais e como recurso insubstituível nas atividades humanas; ii) inventariar e analisar as disponibilidades hídricas em Portugal e os problemas relacionados com a sua utilização; iii) salientar o facto das reservas futuras de água dependerem, por um lado, da capacidade para conservar, reutilizar e racionalizar a sua utilização e, por outro, da gestão integrada do recurso; iv) salientar que a avaliação das disponibilidades hídricas no nosso país é indissociável da caracterização do clima; v) inventariar a água existente em Portugal; vi) uma análise dos traços gerais da rede hidrográfica; refletir sobre a irregularidade do regime dos rios portugueses; vii) analisar os problemas relacionados com a utilização e a distribuição da água e o saneamento de águas residuais, incluindo as questões ligadas à qualidade da água, ao avanço técnico e à organização administrativa das redes de abastecimento de água e de saneamento existentes em Portugal; viii) equacionar a importância dos planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas e dos planos de bacia e fazer referência aos problemas relacionados com a gestão das águas internacionais; ix) salientar que a potencialização deste recurso natural implica o seu controlo quantitativo e qualitativo pelo que se debatem estratégias conducentes à racionalização dos consumos, ao tratamento e reutilização das águas e à sua aplicação para fins agrícolas e energéticos. Também no tema dos recursos naturais da disciplina de Geografia do 10.º ano são estudados os recursos marítimos, incluindo os problemas do litoral, os estuários (principalmente do Tejo e Sado) e os acidentes particulares da ria de Aveiro e da ria Formosa. No capítulo das áreas rurais em mudança do programa da disciplina de Geografia A do 11.º ano, ao fazer-se o estudo das regiões agrárias e da heterogeneidade espacial das estruturas agrárias são feitas referências às técnicas de produção e aos sistemas de irrigação bem como aos problemas que podem advir de uma utilização excessiva de adubos e pesticidas. |
12º ano |
O programa de Biologia do 12.º ano de escolaridade apresenta algumas referências aos recursos hídricos, nomeadamente na unidade curricular “preservar e recuperar o meio ambiente”, que tem por base a análise de problemas relacionados com a poluição e a degradação de recursos naturais face ao crescimento da população humana e aos impactes da sua atividade. A disciplina prevê a identificação de causas, consequências e formas de intervir para minorar efeitos, recuperar ou preservar o meio ambiente. Nos conceitos/palavras-chave a abordar são incluídos poluente, contaminação, eutrofização natural/cultural, carência bioquímica de oxigénio (CBO), toxicidade e estação de tratamento de águas residuais (ETAR).
O programa apresenta como sugestões metodológicas a formulação de novas questões orientadoras das atividades de aprendizagem, tais como: “que atividades humanas têm contribuído para a contaminação da atmosfera, solo e água? Quais são os principais contaminantes ambientais? Que efeitos provocam nos ecossistemas? E na saúde das pessoas? Por que é que as águas residuais são um dos fatores de contaminação ambiental com maior risco para a saúde pública?” A identificação e análise de situações de desequilíbrio ambiental de âmbito local ou regional, veiculadas pelos media ou retiradas da bibliografia são propostas como forma de permitir um estudo contextualizado dos principais poluentes ambientais. O programa sugere os seguintes exemplos de atividades: i) interpretação de quadros, gráficos e/ou tabelas sobre contaminantes, suas fontes e efeitos; ii) análise de informação relativa ao funcionamento de estações de tratamento de resíduos; recomenda-se a organização de uma visita a uma ETAR. Era também proposta a conceção e realização de desenhos experimentais que permitissem, por exemplo, a simulação de contaminação de aquíferos e a avaliação da qualidade da água de um rio (incluindo a avaliação de CBO e de bioindicadores). O programa de Geologia do 12.º ano coloca a seguinte situação-problema “será possível conciliar o desenvolvimento da sua região com a preservação dos recursos geoambientais?, focando o homem como agente de mudanças ambientais e incluindo temáticas como a exploração e contaminação das águas. O programa refere a necessidade de enfatizar os problemas associados à exploração excessiva de recursos hídricos e à sua contaminação e a necessidade de em termos de saúde pública controlar a qualidade das águas utilizadas. Como conceitos, modelos e teorias que os alunos devem conhecer, são salientadas as de aquífero, modos de exploração das águas superficiais e subterrâneas, respetivos impactes ambientais e causas de contaminação. |